Para definir com precisão de onde cortar despesas e como aumentar o fluxo de aportes, é essencial construir um espelho fiel da companhia Desde o ano passado transbordam soluções mirabolantes e cases de empresas que souberam ser bem-sucedidas "na contramão da crise econômica". A quantidade de rumos a serem trilhados para se sobressair no mercado é imensa, mas posso garantir que o primeiro passo de 99% das companhias tem sido o de colocar a casa em ordem. E o segundo, o de volver um olhar mais atento e perspicaz às necessidades dos clientes, inclusive àquelas que nem eles sabem que têm.


Uma pesquisa realizada pela consultoria IDC sobre prioridades de investimentos das empresas para o ano de 2009 comprova que, se há 10 anos as empresas apostavam em aquisições para alavancar seu crescimento, hoje as atenções se voltam para medidas de suporte a reestruturações internas, tais como segurança, com 55% dos votos, virtualização (e consequente economia de recursos e serviços) com 45%, sistemas integrados de gestão empresarial (ERPs), com 40%, e Business Intelligence (BI), apontado por 32% dos CEOs como setor prioritário no destino de verbas.

Para definir com precisão de onde cortar despesas e para onde aumentar o fluxo de aportes, é essencial que os principais executivos tenham em mãos um espelho fiel da companhia e não diversos retratos desconexos entre si. O mosaico de informações que ainda permeia a tomada de decisão em muitas empresas pode se tornar uma armadilha, pois gera ações desencontradas baseadas em "realidades" que não correspondem à verdadeira situação.

Para evitar desperdício de recursos e esforços, existem hoje no mercado sofisticadas ferramentas de Business Intelligence (BI) que organizam os dados disponíveis de modo favorável à fluidez dos negócios. Quando associadas a especializados tipos de software, permitem visualizar de modo gráfico e simplificado informações relativas ao desempenho de setores operacionais e estratégicos, impactos de decisões prévias, bem como desvios de rota e indícios de irregularidades.

E a boa notícia é que toda essa profusão de dados pode ser cruzada e agrupada conforme as necessidades e objetivos de quem a manejar, gerando resultados muitas vezes surpreendentes. Uma marca internacional de vestuário, focada no público feminino pré-adolescente, analisou cuidadosamente seu banco de dados e percebeu que as lojas que possuíam cadeiras apresentavam uma média de vendas superior às que não as possuíam.

Constataram, então, que a prioridade da empresa deveria ser proporcionar um ambiente confortável para homens acima de 40. Qual a ligação? Por meio do cruzamento do perfil das consumidoras com as características do ambiente de cada estabelecimento foi verificado que a empresa obtinha sucesso em atrair suas potenciais clientes para dentro da loja, mas não conseguia retê-las por muito tempo. Como quem efetivamente pagava as compras eram os pais, os executivos perceberam que sem uma poltrona aconchegante ou revistas para os entreter, eles se impacientavam rapidamente com as incontáveis idas de suas filhas ao provador e acabavam se opondo a um consumo maior.

Não seria fantástico se a loja se antecipasse e oferecesse serviços ao cliente exatamente quando ele mais necessita? Em um mercado de tamanha competitividade, estar no lugar certo e na hora certa é uma proeza a que todos devemos almejar. Neste caso, portanto, e em tantos outros que poderia mencionar, o BI demonstra ser um eficiente facilitador na tomada de decisões, deixando-as coerentes com a realidade e, por conta disso, mais precisas e assertivas.

Além disso, o acesso a essa solução também pode se dar em tempo real. Ou seja, é possível saber quais foram as mudanças no estoque nos últimos 10 minutos nas unidades X, Y e Z e já corrigir a rota imediatamente, sem ter de esperar pelo relatório no final do mês para reverter o prejuízo. Daí que alguns setores como de telecomunicações, bancos, seguros e outros que envolvem um grande volume de informação, considerem as soluções de BI essenciais para sua sobrevivência no mercado.

Ainda segundo a IDC, o mercado brasileiro de Business Intelligence deve movimentar, este ano, cerca de US$ 200 milhões. Se esse valor for confirmado, representará um avanço de 11% em relação a 2008. Em âmbito global, a cifra salta para uma movimentação de US$ 8,8 bilhões constatada no ano passado, de acordo com o Gartner.

Muitas companhias ainda não aderiram ao aplicativo de cruzamento de dados por julgarem o processo muito oneroso. Existem frameworks, contudo, que podem ser implementados em um prazo muito menor que a média do mercado, com alta qualidade e preços competitivos. Dentre as vantagens desse tipo de suíte, vale apontar a sólida estrutura para cross-sell e a possibilidade de monitoramento e análise, em tempo real, dos dados relativos aos processos em andamento e às preferências dos consumidores. Tais ferramentas auxiliam as empresas dos mais variados setores econômicos ao longo de todo o processo, conduzindo-as a um resultado, não raro, surpreendente.

Cesar Castelli (Presidente da Tata Consultancy Services do Brasil)
Fonte: HSM Online

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