As faculdades de tecnologia se consolidam como uma boa alternativa e quem reconhece isso é o mercado de trabalho
Joice Tavares
Quando perguntamos a um estudante que carreira pretende seguir, nos habituamos a ouvir medicina, direito ou publicidade, cursos que sempre estão entre os mais concorridos nas grandes universidades brasileiras. Atualmente, porém, devemos estar preparados para respostas mais inusitadas, como automação industrial, gestão financeira ou jogos digitais. Esses são apenas alguns dos 47 cursos de graduação que as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado de São Paulo oferecem hoje. Voltadas para uma formação mais específica, um tipo de especialização dentro de áreas mais populares, elas contam atualmente com 47 unidades - e mais outras duas que passarão a funcionar no início do próximo ano - e 35.314 alunos inscritos.

PARCERIA
Empresas e especialistas ajudam a formular o currículo dos cursos

"A principal diferença que notamos em um curso tecnológico é que ele é bem focado em um determinado ramo dentro de uma área maior, formando um profissional pronto para exigências específicas do mercado", explica Angelo Cortelazzo, coordenador de Ensino Tecnológico do Centro Paula Souza, instituição que administra as Fatecs estaduais. "Conseqüentemente, por ter esse direcionamento e não generalizar conteúdos, ele é mais rápido, podendo ser concluído em três anos." Outro ponto importante é o fato de que esse tipo de profissionalização tem como objetivo atender diretamente o mercado local.
A grande meta de uma faculdade de tecnologia é garantir formação profissional em sintonia com as características produtiva e comercial da região onde foi implantada. Ou seja, preparar mão de obra extremamente capacitada para movimentar a economia local. Isso estimula o desenvolvimento sustentável das cidades, aumenta a aplicabilidade de conhecimentos que aperfeiçoam os produtos e serviços e ainda favorece a atração de investimento para o Estado.
Hoje, quando uma nova Fatec é criada, os responsáveis pela instituição primeiramente estudam qual a vocação econômica do lugar que irá recebê-la. Feito isso, eles se reúnem com representantes da prefeitura e dos setores comercial e industrial para que, juntos, consigam determinar quais são as prioridades locais. É assim que desenvolvem melhor o perfil da unidade e selecionam os cursos mais adequados para formar os profissionais que atenderão aquele segmento. "Em alguns casos, as empresas auxiliam na formulação da matriz curricular dos cursos", completa Cortelazzo.
Como é o próprio setor produtivo que participa da definição do tipo de formação oferecido pela Fatec, as empresas têm interesse em trabalhar com os alunos desde muito cedo. Por isso, é comum que esses estudantes comecem a estagiar logo no primeiro ano de faculdade. Isso significa que eles têm a chance de complementar a parte teórica do curso atuando diretamente na área que escolheram e a garantia de uma formação ainda mais completa.

DIRECIONAMENTO
Quando uma Fatec é criada, a vocação econômica do lugar que irá recebê-la é estudada

Assim como acontece nos cursos de licenciatura ou bacharelado, quem conclui uma faculdade tecnológica também recebe o diploma de graduação em nível superior. Isso proporciona ao estudante a possibilidade de continuar os estudos em programas de extensão, especialização, mestrado e doutorado. A grande diferença, no entanto, é que o tecnólogo recém-formado ainda tem a vantagem de sair da faculdade preparado para ter início imediato no mercado. "As coisas se invertem. Em vez de o aluno sair procurando um emprego, normalmente são as empresas que vêm até a faculdade para pedir profissionais", diz Cortelazzo.

A escolha por um curso superior com esse perfil pressupõe que o estudante tenha uma idéia sólida sobre a área na qual pretende atuar. Por isso, quanto mais o candidato conhece a formação, menores são as chances de errar a opção.

"Normalmente as empresas vêm até a faculdade para pedir profissionais"
Angelo Cortelazzo, coordenador de Ensino Tecnológico das Fatecs

Porém, ainda existe certa resistência, por parte de algumas empresas, em contratar tecnólogos. Para Cortelazzo, esse tipo de preconceito só existe por falta de informação sobre o que esses profissionais podem oferecer. "Enquanto no Exterior os cursos tecnológicos representam cerca de 30% a 40% das matrículas na graduação, no Brasil essa proporção ainda é de aproximadamente 2%", diz ele. Atualmente, existem poucos tecnólogos em atuação. Mas, à medida que as faculdades ficam mais conhecidas, elas passam a ter um contingente maior. O importante é que as pessoas tenham consciência de que essas carreiras são viáveis e possibilitam ascensão profissional e social.
Fonte: Revista Isto é nº 2087

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