Líderes europeus estão cortejando alguns países africanos, asiáticos e latino-americanos para se contraporem à influência da China e dos Estados Unidos nas conversações sobre mudanças climáticas em Copenhague, disseram autoridades francesas.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e seus aliados da União Europeia tinham receio de deixar a China se apresentar como porta-voz das economias emergentes. Esse temor teria como fundamento os laços da China com o G77, o bloco das nações em desenvolvimento, que é presidido pelo Sudão, um aliado de Pequim.
"Nós temos México, Brasil e Indonésia conosco. O que precisamos é reunir os 51 países africanos, todas as pequenas ilhas, as nações vulneráveis, Bangladesh e Índia, se possível", disse um assessor de Sarkozy, que não quis ser identificado.
Sarkozy apresentou sua agenda na questão climática durante conversações esta semana com os líderes da Etiópia, Egito e Indonésia, e nesta quarta-feira se reuniria com dirigentes dos 11 países da bacia do Congo, a segunda maior floresta do mundo, depois da Amazônica.
Os líderes da França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Espanha, Dinamarca e Suécia concordaram na semana passada, durante a cúpula da União Europeia, em levar adiante uma ofensiva diplomática conjunta para conquistar apoio a suas propostas.
"Eles intensificaram os contatos telefônicos. É óbvio, por exemplo, que para dialogar com a Argentina e Chile quem está mais bem posicionado é (o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez) Zapatero, disse um assessor à Reuters.
Depois de tratar do assunto num almoço com o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, na terça-feira, Sarkozy disse que a África e a UE estavam "seguindo a mesma linha política" em termos de metas de redução de emissões de carbono - um dos motivos do impasse em Copenhague.
Meles, que representa a África nas conversações, foi um pouco menos otimista, mencionando "um acordo quase total".
BRASIL E FRANÇA
Sarkozy já estava pisando em terreno mais sólido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mês passado, os dois fizeram um chamado conjunto às nações ricas para que elevassem imediatamente a ajuda às nações em desenvolvimento para o combate ao aquecimento global.
Sarkozy também propôs que 20 por cento de um fundo a ser criado para ajudar países emergentes a lidar com as mudanças climáticas deveria ir para projetos de preservação de florestas.
Assessores disseram que Sarkozy espera consolidar seu esforço diplomático durante um encontro de três dias com Lula e Meles em Copenhague na quinta-feira.
Os líderes europeus querem evitar que se repitam as cenas de segunda-feira, quando dirigentes africanos abandonaram temporariamente as conversações, acusando as nações ricas de tentar enterrar o atual protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas.
Os assessores de Sarkozy disseram suspeitar que a China, que tem influência cada vez maior sobre a África, teve participação na decisão africana de abandono das reuniões.
Fonte: Yahoo Notícias
Por Emmanuel Jarry