Ação da Petrobras é bom investimento de longo prazo, dizem analistas


Investir em Petrobras é um negócio arriscado em curto prazo, dada uma série de incertezas que ainda rondam a capitalização da estatal, além de dúvidas quanto ao modelo de partilha de petróleo, dificuldades de exploração no pré-sal, ingerência política e desrespeito ao acionista minoritário.
Por outro lado, é uma excelente oportunidade em longo prazo por conta da posição privilegiada da estatal --virtualmente sem concorrência-- na exploração de uma das últimas reservas de petróleo do mundo.
Ontem (3), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou uma emenda ao projeto de lei 5941/09 que vai permitir a trabalhadores utilizarem até 30% do saldo de suas contas do FGTS para adquirir ações da Petrobras.
Para o acionista minoritário, o investimento ganha um apelo maior porque as ações foram abatidas por essas incertezas e pela crise global.
Nos últimos 365 dias, enquanto o Ibovespa avançou 85,49%, os papéis ON (com direito a voto) da Petrobras subiram apenas 32,72%. Ontem, as ações ON subiram 0,33%.
Para finalizar, praticamente qualquer investimento hoje é melhor do que os 3% mais TR do FGTS, que perde ano após ano da inflação e do qual o investidor tem as mãos atadas para sacar e escolher a política de investimento. No ano passado, o fundo rendeu só 3,9%, o menor retorno da história, enquanto o IPCA subiu 4,31%.
Segundo analistas, mesmo que a capitalização e a gestão da estatal sejam um desastre, dificilmente a perda, em longo prazo, será maior que a "corrosão" do FGTS.
Para Daniel Doll, analista da corretora Socopa, as ações da Petrobras hoje já refletem todas as críticas apontadas pelo mercado. "Conforme os detalhes vão saindo, a tendência é diminuir as incertezas e reduzir esse desconto. A Petrobras é a maior interessada e já apontou que respeitará o interesse dos minoritários", disse.
"O papel da Petrobras foi sofrendo desde que começaram as discussões de capitalização. Mas a Petrobras tem uma posição única para se beneficiar da exploração do pré-sal. Para isso, é fundamental que seja capitalizada", disse Nelson Mattos, analista do Bradesco BBI.
Para ele, não é certo que todos os investidores minoritários, especialmente os grandes fundos de investimento, "acompanhem" o aumento de capital da Petrobras. Nesse caso, ele crê que o governo exercerá seu direito de preferência para comprar as novas ações e elevar sua participação. "Ainda há muitas dúvidas sobre a capitalização, especialmente sobre o valor do barril de petróleo."
Além do trabalhador, o uso do FGTS também interessa aos bancos, que deverão gerir os fundos. Na visão do mercado, só o governo perderá com a medida porque reduzirá os recursos disponíveis para financiar projetos de cunho social.

TONI SCIARRETTA
da Folha de S.Paulo

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