A vivência profissional é fundamental pois evita que o indivíduo acabe por produzir resultado pobre e de pouca abrangência diante das muitas variáveis que envolvem uma dada situação a ser equacionada.


A literatura técnica sobre Economia e Administração, trata, entre outros temas, da alocação eficiente dos recursos naturais que irão tornar-se bens econômicos. Todavia, diariamente desperdiçamos ou alocamos muito mal um recurso mais valioso do que ouro : o profissional experiente, que passou dos 40 anos de idade(1).

O erro está na direção das empresas, pois credita-se ao mercado tal política de recursos humanos. O mercado não é uma entidade consciente e homogênea que possa emitir juízo de valor sobre o que diferentes e complexos agentes sociais e econômicos, com diferentes e igualmente complexos objetivos têm em comum sobre os profissionais demandados ou necessitados.

Parece-me que o mercado, aqui, funciona como fiel depositário de um contrassenso por parte dos administradores de recursos humanos, respaldados por empresários, via de regra; ou seja, faltam talentos e mão de obra qualificada, todavia, estão disponíveis em subempregos ou tentando (por necessidade) empreender algum tipo de negócio que dificilmente dará certo, porque sabem, pelo profissionalismo, que empreender difere de administrar, tão somente.

É raro um indivíduo que possua excelência tanto na administração quanto no ato de empreender. O resultado, para o profissional qualificado, preparado, com cabedal, mas prematuramente descartado por nosso sistema econômico, frequentemente é a depressão, a desilusão. Ninguém, ainda, consegue calcular matematicamente os efeitos nocivos desse fenômeno que é sobretudo social, não apenas econômico, um bom trabalho para economistas, sociólogos e psicólogos.

As empresas bem governadas e administradas sabem fazer a mesclagem correta entre profissionais jovens com pouca experiência de campo, com os mais experientes, todavia, elas são poucas no Brasil. A maioria delas literalmente caça talentos no mercado de trabalho, todavia, ignoram que talento é o resultado de formação técnica (acadêmica e profissional) combinado com o correr do tempo; os jovens talentos costumeiramente sucumbem diante de crises quando no comando, sem profissionais experientes aos seus lados. Isso se explica com a compreensão (nossos empresários ainda não o compreenderam) que é fundamental ao profissional de administração saber avaliar corretamente as questões que lhes são impostas diariamente e compreender as implicações das decisões que toma, para isso deve ter conhecimento sobre o assunto e capacidade crítica aguçada e, sem a variável tempo, isso não é possível.

A vivência profissional é fundamental pois evita que o indivíduo acabe por produzir resultado pobre e de pouca abrangência diante das muitas variáveis que envolvem uma dada situação a ser equacionada. Somemos a isso as indicações para preenchimento dos cargos baseadas no parentesco, amizade, religião, de política partidária e indicações pelo crime organizado, que combinadas, produzem ineficiência no sistema ou mercados. Isso ainda é pouco estudado por nós.

Gostaria de dizer que a solução única e indiscutível está na Educação, contudo, a sinceridade obriga-me a dizerque sem o despertar da conciência de cada indivíduo, por intermédio de reflexão, de um diálogo interior, nada mudará significativamente.Nós somos uma nação que não pode dizer que uma pessoa de 30, 40, 50 anos esteja velha para o trabalho, principalmente para trabalho qualificado e sobretudo no País que envelhece rapidamente. Vamos estudar demografia.

A questão sobre idades e competências, incluindo as profissionais, envolve valores culturais que não são, propriamente nossos. Não é da cultura do índio, do negro e mesmo do europeu mediterrâneo, expurgar da vida em todos os sentidos, as pessoas que passaram dos 30, 40, 50 anos etc. Aos 30 anos de idade não é possível ter experiência ao nível de diretoria, por exemplo e, dependendo do tipo de empresa, pelas complexidades dos negócios, somente aos 50 anos de idade em diante. As empresas no Brasil fazem o contrário das nações desenvolvidas porque copia-se a moldura, não o conteúdo do quadro, somos copiadores medíocres.

Nós que estamos ou estaremos em posição de comando, precisamos mudar essa realidade adversa ao nosso desenvolvimento econômico e social , sobre competências decorrentes de idades supostamente avançadas para o trabalho.
Um dos prêmios Nobel do ano de 2007, Economia, contava 90 anos de idade. No Brasil, com mais de 50 anos de idade ele seria banido das empresas e universidades, lhe restaria jogar dominó na praça.

Os jovens tenentes podem e devem ganhar batalhas mas serão os velhos generais que, no final, vencerão a guerra.

(1) Mesmo pessoas com 35 anos de idade.

Fonte: www.administradores.com.br
Por Carlos Cesar D"Arienzo

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